(Post de FEVEREIRO DE 2014 no facebook, está aqui hoje devido ao DIA DO AMIGO, e ele é o que me faz uma falta avassaladora e irremediável... Só ele!)
A gente acha que tem problema, reclama da vida, até realmente se deparar com algo que causa um impacto de verdade!
Eu trocaria tudo pela saúde do meu pai, trocaria de vida, de humor, de comportamento, de hábitos, de gostos, passaria a vida a limpo, pediria todas as desculpas que nunca pedi, reforçava as que eu já pedi, agradeceria a todo minuto e todos por tudo de bom ou não que me fizeram e que me fez crescer, deixaria de lado coisas bobas, investiria em coisas boas, faria de mais momentos os melhores momentos da vida, criaria mais lembranças alegres, seria menos grosseira com o mundo e comigo, seria mais gentil com o mundo e sobretudo comigo, levaria meu pai a mais jogos do grêmio, aprenderia a fazer o melhor churrasco do mundo pra ele, aliás, eu acho que aprenderia a jogar futebol e jogaria com ele, já que nasci 'menina' e não tenho esse interesse físico pelo futebol, tenho apenas o interesse 'intelectual'. Aliás, eu só gosto de futebol pq isso deixa ele feliz (falando bem a verdade) e só sou gremista pq tb faz ele ficar contente. Do contrário eu seria... Deixa pra lá!
Mas adoro dirigir, e isso ele conseguiu criar uma excelência em mim, de tanto instigar e me ensinar desde muuuito cedo, mas muito cedo mesmo, eu aprendi, e bem, aliás, aprendi com o melhor e pior (e quem já andou com o meu pai sabe bem do que eu falo). E quem andou comigo sabe bem também do que eu falo!
Hoje lá dentro do hospital, do lado da maca, eu queria muito chorar, e me segurei, e de bem besta que eu sou, para desviar minha atenção eu olhei pra cima e disse: "Paizinho, tu viu que as paredes são bem pintadas?" Óbvio que ele viu que eu estava tentando disfarçar o que o meu coração queria gritar, e ele sorriu e encheu os olhos de lágrimas, e mais uma vez eu tinha que disfarçar a minha vontade quase incontrolável de desmoronar e pedir colo. Então contei as façanhas da Isadora, que deixam qq um perplexo. Afinal filha de peixe e neta de peixe... peixinho é!
Tenho orgulho de ser filha do meu pai e dele ser meu pai, e se eu escrevo é pq não consigo falar, mas eu imprimo tudo pra quem sabe, se os médicos liberarem ele possa ler.
Ou para que quando ele saia do hospital eu possa ler para ele, comendo um churrasco e com toda a família reunida!
O caso dele é grave, muito grave, mas ele disse que quer sair até quinta, sendo que hoje é terça, e foi então que eu vi de onde vem o meu otimismo surreal para certas coisas, ou a minha fé que me move quando eu deixo de focar nos problemas e sigo.
E quando a médica disse que ele estava vivo de teimoso, eu pensei: "Esse é o meu pai!"
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Ele foi um guerreiro, aguentou firme até dia 15/03/2015, entre idas e voltas do hospital, e no sábado que antecedeu o pior domingo da minha vida eu dei o último beijo, o último abraço e ouvi e falei um último "eu te amo"... Eu ainda sofro, ainda choro, e esse vazio nunca vai cicatrizar...