Uma noite qualquer de um sábado qualquer...
Desde cedo ela faz planos para sair com as amigas.
Tomou banho, arrumou-se com muito zelo, escolheu a roupa, a sandália, maquiou-se...
No entanto, ela ainda aguardava um telefonema...
Foi para a sala, colocou uma música bem baixinho para não atrapalhar a conversa com um amigo que estava a tagarelar no microfone... internet tem dessas coisas, encurta distâncias, dinamiza amizades e facilita o contato...
Estava a 5 minutos de sair para alguma festa qualquer quando o telefone tocou...
Era ele!
Ela ficou feliz, quase não conseguia esconder a felicidade, e naquele dia decidiu que não esconderia...
Então ela mudou os planos... encontraram-se... depois de uma determinada noite fracassada eles teriam que superar a distância que se impôs, e que se impõe sempre como se eles estivessem sob algum tipo de 'Feitiço de Áquila'...
Ela abriu a porta e ele olhou-a com quem tem uma grata surpresa, e ela retribuiu...
Aproximaram-se... ele a beijou, ela retribuiu... ele a olhava fixamente, ela não... desviava o olhar por algum motivo ainda desconhecido...
Então naquele dia jogaram limpo... ele ditou regras... ela como sempre indisciplinada... mas encurtou as distâncias...
Começa o ritual... vinho... horas e horas de conversa, eles parecem querer colocar toda a vida em dia... passaram-se mais de 18 anos da última vez que conversaram a sós...
Ela faz confissões, deduções, induções, alertas... e algumas declarações...
Ele faz confissões, sermões e algumas declarações...
Em alguns momentos ela pára como alguém que pede trégua... ele a olha com ternura e fala alguma coisa com o olhar que ela insiste em não querer saber o que é...
Ela sente o seu coração o tempo inteiro, e por vezes demonstra aquela euforia, por vezes desdém aquele sentimento...
Ele não entende por que não aconteceu antes... e fala da frustração na adolescência...
Ela diz que a visão dos dois sobre a mesma história é diferente... e fala do orgulho de nunca ter havido o tão esperado beijo que acabaria com toda a ilusão criada...
Ela não entende por que isso foi acontecer depois de tanto tempo, ela não entende... ela busca uma explicação, mas não encontra...
O tempo para eles parou em algum lugar do passado, foi como se o relógio quebrasse e depois de muito tempo voltasse a funcionar como se nada tivesse acontecido, como se anos e anos não tivessem passado...
Ela não sabe o que ele espera dela, e ele não sabe o que ela espera dele...
Ela só sabe que o medo está ali presente... ela queria saber o final da história... na verdade é o que ela quer sempre... saber o final da história para avaliar se vale a pena ou não...
Ela precisa aprender que qualquer história com final feliz ou não vale a pena...
Ele precisa saber que apesar do relógio ter parado ela mudou... simplesmente não é mais a menininha que ficava esperando o assovio na janela... com coração limpo e olhar doce....
Eles precisam entender que a distância que se impõe talvez não seja uma opção e sim uma condição...
Foi a melhor noite da vida dos dois... depois disso a distância tornou-se ainda maior!
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